Narrativas visuais do biopoder: o não-enlutável como marcador biopolítico da abjeção paranaense materializada no racismo-LGBTfobia (de 2019 a 2023)
- Authors
- Publication Date
- Sep 24, 2024
- Source
- Repositório Institucional da UFSC
- Keywords
- Language
- Portuguese
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- Unknown
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Abstract
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2024. / Esta tese parte das contribuições de Judith Butler, especialmente sobre os seguintes conceitos: abjeção, enquadramento, biopoder e enlutamento. Buscamos analisar criticamente a maneira com que a LGBTfobia e o Racismo aparecem na sociedade paranaense. Para isso, levantamos um corpus, especificamente imagens, referentes a diversos recortes de jornais em circulação, no período entre 2019 e 2023, de notícias sobre casos de racismo e LGBTfobia no Paraná. Analisamos interseccionalmente e, também, no nível da arqueogenealogia foucaultiana, o modo com que essas duas formas de violências são perpetradas, de modo interseccional contra corpos racializados e corpos LGBTQIAPN+ no Paraná. A essa forma de regulação biopolítica, que se materializa visualmente sobre tais corpos, denominei de abjeção paranaense. Diante disso, consideramos os trajetos históricos, não-lineares, dessa produção abjeta que articula, modula e distorce os modos de reconhecimento de vidas negras e vidas LGBTQIAPN+ como passíveis de proteção e cuidado em todas as suas instâncias (sobretudo política e jurídica). Nesse lugar teórico, inserimos o tema butleriano da separação das vidas em vivíveis e matáveis, uma divisão que aparece quando, segundo Butler, alguns corpos não são assinalados como potencialmente enlutáveis. Doravante, argumentamos que o racismo e a LGBTfobia no Paraná tomam forma em um modelo biopolítico de abjeção, numa dimensão de dispositivo (racialidade e sexualidade), que marca os corpos racializados e corpos LGBTQIAPN+ como não-enlutáveis. Por fim, assumimos, com base nas contribuições de Butturi Junior (2019, 2023,2024) existir um campo de disputa tecnobiodiscursiva, sempre em ressignificação, vinculado às estratégias da governamentalidade neoliberal cristã de reconhecimento, que busca afirmar visualmente os enquadramentos que representam as categorias de humano, inhumano e o menos do que humano na abjeção paranaense. Desse modo, denominamos este mecanismo de modulação do reconhecimento, através dessas dinâmicas de visibilidades tecnobiodiscursivas, de narrativas visuais do biopoder. / Abstract: This thesis builds upon the contributions of Judith Butler, especially concerning the following concepts: abjection, framing, biopower, and mourning. We seek to critically analyze the way in which LGBTphobia and Racism manifest in Paraná society. To achieve this, we compiled a corpus, specifically images from various newspaper clippings circulating between 2019 and 2023, reporting on cases of racism and LGBTphobia in Paraná. We analyzed intersectionally and, also, through the lens of Foucauldian archaeogenealogy, the manner in which these two forms of violence intersect and are perpetrated against racialized bodies and LGBTQIAPN+ bodies in Paraná. We refer to this form of biopolitical regulation, visually materializing on such bodies, as \"Paraná abjection.\" In light of this, we consider the historical, non-linear trajectories of this abject production that articulate, modulate, and distort modes of recognizing Black lives and LGBTQIAPN+ lives as worthy of protection and care in all their instances (especially political and legal). Within this theoretical framework, we incorporate Butler's theme of the separation of lives into livable and grievable, a division that emerges when, according to Butler, some bodies are not recognized as potentially mournable. Hence, we argue that racism and LGBTphobia in Paraná take shape through a biopolitical model of abjection, within a dimension of dispositif (race and sexuality), marking racialized bodies and LGBTQIAPN+ bodies as ungrievable. Finally, drawing from the contributions of Butturi Júnior (2019; 2023; 2024), we posit the existence of a field of technobiodiscursive dispute, constantly resignifying, linked to the strategies of Christian neoliberal governmentality of recognition, which seeks to visually affirm the frames representing categories of human, inhuman, and less than human in Paraná abjection. Thus, we term this mechanism of recognition modulation, through these dynamics of technobiodiscursive visibilities, as visual narratives of biopower.