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Cópia e ditado: vilões ou aliados? como a cópia e o ditado têm sido retratados em pesquisas acerca do seu papel no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita?

Authors
  • Vicari, Pâmela Lopes
Publication Date
Oct 08, 2024
Source
Repositório Institucional da UFSC
Keywords
Language
Portuguese
License
Unknown
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Abstract

Dissertação (mestrado) ? Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2024. / Esta pesquisa tem como objeto duas atividades escolares usualmente aplicadas nas salas de aula para o ensino da leitura e da escrita: a cópia e o ditado. A aplicação de ambas as tarefas têm sido alvo de críticas que as qualificam como mecânicas; no entanto, são atividades que continuam marcando presença nas salas de aula brasileiras. À vista disso, propomo-nos desenvolver essa pesquisa com o intuito de responder à seguinte questão: O que as evidências presentes na literatura acadêmico-científica revelam sobre o emprego das tarefas de cópia de texto e ditado nas práticas pedagógicas escolares no Brasil?. A partir dessa questão, nossos objetivos são: a) mapear os estudos que tratam da cópia e do ditado no âmbito da educação nacional; b) identificar quais olhares os pesquisadores brasileiros direcionam à cópia e ao ditado; e c) buscar indícios acerca de como a cópia e o ditado vêm sendo concebidos e empregados nas salas de aula. Para alcançar nossos objetivos, escolhemos como método de pesquisa a revisão sistemática, cuja fonte de dados é a própria literatura. Esta é, portanto, uma pesquisa bibliográfica. A coleta de dados foi realizada no Portal de Periódicos da Capes, no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), nos meses de junho de 2022 e fevereiro de 2023, considerando combinações dos seguintes descritores: <cópia=, <ditado=, <escola=, <ensino=, <aprendizagem=, <leitura=, <escrita=, <aula= e <língua portuguesa=. Foram selecionados 14 estudos, mapeados conforme as características a respeito de quem fala de cópia e ditado, seu lugar e tempo, sob quais métodos de pesquisa as atividades são investigadas e os resultados alcançados, e quais as perspectivas acerca dessas atividades que as pesquisas identificam como recorrentes nas salas de aula. Analisamos os estudos a partir de quatro categorias: 1) data de publicação; área da ciência; local de realização da pesquisa; autoria; 2) método e resultados; 3) perspectiva dos pesquisadores sobre as tarefas de cópia e ditado; 4) indícios de concepção dessas tarefas no campo escolar. Na primeira categoria, foi possível verificar que: o recorte temporal dos estudos compreende 16 anos: de 2002 a 2018; a área que mais pesquisa sobre cópia e ditado é a Educação; as instituições de pesquisa que se destacam são as de ensino público federal; os autores não mantiveram projetos sobre a temática. A segunda categoria de análise revelou as informações sobre do método e dos resultados dos estudos. A pesquisa de campo foi a mais empregada. A terceira categoria identificou que os pesquisadores concebem cópia e ditado como tarefas mecanicistas, repetitivas e até penosas. Na quarta categoria, observamos os indícios de como as tarefas são empregadas nas escolas, os quais sugerem um uso descontextualizado, sendo o ditado aplicado com ênfase no objetivo de verificação de escrita das palavras, e a cópia como fixação da escrita correta. Observamos que a concepção sobre das tarefas varia ao longo do tempo, destacando-se uma concepção mecânica e questionando, inclusive, o aprendizado que as tarefas podem gerar. Dos estudos analisados, apenas um dedicou-se a pesquisar os efeitos dessas práticas em relação ao aprendizado de habilidades de leitura; os demais, discutiram as tarefas a partir de abordagens qualitativas, levantando questionamentos sobre o uso delas nas práticas pedagógicas escolares. Os resultados sugerem que a cópia e o ditado podem estar sendo condenados sem a devida pesquisa acerca de suas características, sejam potencialidades ou fragilidades, relativas ao ensino e à aprendizagem da leitura. Concluímos, portanto, que as tarefas de cópia e ditado merecem ser objetos de estudo que os analisem quanto aos seus possíveis usos produtivos e ativos e aos seus efeitos, sem tomar como ponto de partida a pressuposição de que as atividades não possuem significância na aprendizagem da leitura e da escrita. / Abstract: This study has as its research object two school activities usually applied in classrooms for the teaching of reading and writing: copying and dictation. The application of both tasks has been the target of criticism that qualifies them as mechanical. However, these are activities that continue to be present in Brazilian classrooms. In view of this, we propose to develop research in order to answer the following question: What does the evidence present in the academic-scientific literature reveal about the use of text copying and dictation tasks in school pedagogical practices in Brazil? From this question, our goals are: a) to map the studies that deal with copying and dictation in the context of national education; b) to seek clues about how copying and dictation have been conceived and used in classrooms; and c) to identify which perspectives Brazilian researchers direct on the teaching and learning of reading through copying and dictation. To achieve our objectives, we chose the systematic review as a research method, whose data source is the literature itself. This is, therefore, bibliographic research. Data collection was carried out on the Capes Journal Portal, the Capes Thesis and Dissertation Catalog and the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD), based on fourteen combinations of descriptors, in June 2022 and February 2023. The selection of texts was based on the inclusion and exclusion criteria previously elaborated, according to our objectives, resulting in a corpus composed of 14 studies. The review maps the studies, describing characteristics about who speaks of copying and dictation, their place and time, and under which methodologies the activities are investigated. The studies were analyzed in four categories: 1) publication date; scientific area; research location; authorship; 2) method and results; 3) researchers' perspectives on copying and dictation tasks; 4) indications of the conception of these tasks in the school field. In the first category, it was observed that the temporal scope of the studies spans 16 years, from 2002 to 2018; Education is the most researched area regarding copying and dictation; federal public education institutions stand out; authors did not maintain projects on the subject. The second category revealed information about the method and results of the studies. Field research was the most employed. The third category identified that researchers perceive copying and dictation as mechanistic, repetitive, and even burdensome tasks. In the fourth category, indications of how tasks are employed in schools were observed, suggesting a decontextualized use, with dictation focused on verifying the correct spelling of words and copying as a means of fixing correct writing. It was noted that the conception of these tasks varies over time, with a mechanical understanding, even questioning the learning these tasks may generate. Of the analyzed studies, only one focused on researching the effects of these practices on reading skills learning; the others discussed the tasks from qualitative approaches, raising questions about their use in school pedagogical practices. The results suggest that copying and dictation may be condemned without adequate research on their characteristics, whether potentials or weaknesses, related to reading and writing teaching and learning. In conclusion, we argue that copying and dictation tasks deserve to be objects of study that analyze them regarding their possible productive and active uses and their effects, without assuming from the outset that the activities lack significance in reading and writing learning.

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